Página B
Fotografia - Perfil

Neste fim de semana, a farsa do falso fotógrafo de guerra, Eduardo Martins, caiu como bomba nas redes sociais, ambiente onde, por exemplo, somente no Instagram, ele tinha mais de 120 mil seguidores. Surfista, loiro, de olhos claros e apresentado como um jovem aventureiro e altruísta a serviço da ONU e de causas humanitárias, Martins foi, no entanto, desmascarado na última sexta-feira (1) pela BBC Brasil, uma de suas vítimas, entre outros grandes veículos de imprensa, como a agência de fotografia Getty Images (leia e entenda).
Na contramão dessa reputação de "digital influencer", Mauricio Lima, um dos mais respeitados fotojornalistas brasileiros, venceu um Pulitzer em 2016, à revelia dos feeds de notícia e timelines de Facebook, Instagram (onde ele tem um sexto da audiência do falsário, com pouco mais de 21 mil seguidores) e Twitter. Detalhe: Lima foi o primeiro brasileiro a conquistar este que é o maior prêmio do jornalismo mundial, ao vencer a categoria Breaking News com o projeto Exodus, uma série de ensaios sobre o drama dos refugiados ao redor do mundo, publicados no jornal The New York Times em parceria com o russo Sergey Ponomarev, o norte-americano Tyler Hicks e o alemão Daniel Etter.
Em 2012, quando atuava na guerra da Líbia, e em 2016, logo após a conquista do Pulitzer, a revista Brasileiros publicou, respectivamente, um perfil e uma entrevista com Mauricio Lima. Reproduzimos o conteúdo das duas reportagens para os leitores de páginaB!, acrescidas de uma série de fotos de autoria do brasileiro, parte delas registrada na Líbia e outra da série Exodus.
A guerra na Líbia por um fotógrafo brasileiro
Durante a ofensiva final da guerra na Líbia, os sinais do GPS que o fotógrafo brasileiro Mauricio Lima carregava na cintura foram acompanhados com apreensão na sede do The New York Times, em Nova York. Ao lado dos rebeldes, a serviço do jornal, o fotógrafo acompanhou o ataque contra a cidade de Sirte, o último bastião do regime de Muamar Kadafi, que estava no poder havia 42 anos. No decorrer de duas semanas, o fotógrafo registrou outras imagens, agora publicadas pela Brasileiros. A resistência das forças leais a Kadafi foi tão feroz que a fileira insurgente seguida por Mauricio levou cinco dias para percorrer 1,5 km. Apenas nas primeiras 24 horas, 27 rebeldes tombaram
Por Luiza Villaméa (originalmente publicado pela revista Brasileiros em dezembro de 2012)
9 de outubro – Por volta das 11 horas, rebelde exibe as armas e o saco com munição que confiscou em casa de seguidores do ditador Muamar Kadafi, no começo da ofensiva contra Sirte. O uniforme camuflado e os mocassins também fazem parte do butim. Foto: Foto: Mauricio Lima
"O contra-ataque era muito pesado, com morteiros e RPG”, conta o fotógrafo Mauricio Lima, referindo-se ao lança granadas-foguete. “Na ofensiva, a maioria dos rebeldes mal sabia lidar com os fuzis e metralhadoras que carregava.” Com parte da cidade já capturada, o despreparo militar dos rebeldes ficou ainda mais evidente. Dois atiradores leais ao regime conseguiram segurar por dois dias um grupo de 50 insurgentes. “Foi em uma área comercial, parecida com a rua 25 de Março em São Paulo, só que com prédios mais baixos e a arquitetura padrão dos países árabes”, lembra-se o fotógrafo. “Os rebeldes atiravam a torto e a direito, mas não conseguiam descobrir de onde vinham os disparos dos dois atiradores.”
À medida que conquistavam terreno na cidade, os rebeldes confiscavam armas e munições em poder dos moradores de Sirte. Localizada na costa do Mediterrâneo, entre a capital Trípoli e a cidade de Benghazi, onde eclodiu a revolta, Sirte era a menina dos olhos do antigo regime. Nascido nos arredores, em pleno deserto, Kadafi investiu pesadamente na cidade durante o longo período em que comandou a Líbia. Não por acaso, contava com o apoio da maioria da população e dos líderes tribais daquela região. Atingido pela onda de revoltas, a conhecida Primavera Árabe, Kadafi chegou a declarar Sirte a capital do país, quando Trípoli foi capturada pelos rebeldes, em agosto de 2011.
Dois meses depois, Sirte ainda resistia, embora submetida a frequentes bombardeios. O último ataque aéreo, desfechado por forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), na manhã da quinta-feira 20 de outubro, atingiu o comboio no qual Kadafi tentava escapar do cerco rebelde. Assim como outros fotógrafos internacionais enviados para cobrir o conflito, Mauricio estava do lado oposto da cidade quando Kadafi foi capturado dentro de uma tubulação de drenagem onde tentou se esconder. Mauricio chegou ao local de carona em uma ambulância. Lá estava o motorista que ele havia contratado e com o qual combinara se encontrar ao meio-dia. “Você perdeu, Mauricio”, disse o motorista. “Além de chutar e socar, eu fotografei Kadafi pelo celular.”
13 de outubro – Em torno das 14 horas, rebelde atingido por um tiro no peito é atendido por médicos, que usam luvas brancas. Outro rebelde, sem luvas, tenta reanimar o companheiro de combate, por meio de massagem cardíaca, mas ele não resiste ao ferimento. Foto: Mauricio Lima
Naquela altura, Kadafi já havia sido executado, em circunstâncias até hoje não totalmente esclarecidas. As fotos e os vídeos que anunciaram ao mundo a morte do ditador foram feitos por amadores empunhando celulares. O fotógrafo brasileiro lamenta ter perdido a cena, mas acha pior ainda não ter sido superado pela concorrência: “Se alguém tivesse feito o registro, seria uma imagem histórica.” Às 23h30 do mesmo dia, Mauricio fotografou o corpo de Mutassim Kadafi, filho e responsável pela segurança do ditador, na cidade de Misrata, a 250 km de Sirte. Como o pai, Mutassim tinha sido detido vivo, depois do ataque ao comboio. Em vídeo divulgado pelas redes sociais, ele chegou a ser exibido ferido, em poder dos rebeldes, fumando um cigarro e tomando água de uma garrafa plástica.
19 de outubro – No final da tarde, os rebeldes já estão dentro da cidade de Sirte, que ainda tem partes controladas por seguidores de Kadafi. Armados com fuzis AK-47, os rebeldes avançam contra um bairro residencial, situado próximo à praia. Foto: Mauricio Lima
Quando fotografou o corpo de Mutassim estendido sobre jornais e um cobertor, Mauricio ficou impressionado com o clima de revanche. “As pessoas cuspiam e batiam no corpo com a sola do sapato, uma das piores ofensas que se pode fazer no mundo árabe”, lembra-se o fotógrafo. A retaliação continuou por mais quatro dias, período em que os corpos do pai e do filho ficaram expostos para visitação em uma câmara frigorífica de um entreposto de frutas e verduras de Misrata. “A população tinha os corpos como um troféu”, diz. “A fila para entrar na câmara frigorífica era enorme e incluía mulheres, famílias inteiras, que saíam de lá felizes.”
21 de outubro – Às 11 horas, o corpo de Kadafi, que foi morto no dia anterior, é exposto para visitação pública dentro de uma câmara frigorífica de um entreposto de frutas e legumes na cidade em Misrata, 250 km a oeste de Sirte. Mauricio Lima
Aos 36 anos, Mauricio chegou à Líbia com a bagagem de quem já havia passado sete temporadas no Iraque e duas no Afeganistão. Em uma dessas temporadas, quando trabalhava para a agência de notícias France-Presse, ele permaneceu 65 dias no Afeganistão, os primeiros 35 engajado ao 3o Batalhão da 4a Divisão dos Marines, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Na base militar de Marjah, no sul do Afeganistão, que se encontra ocupado por forças da OTAN desde 2001, o fotógrafo partilhava com os marines uma rotina que incluía patrulhas diárias a pé, com até seis horas de duração.
Pelas imagens que produziu no Afeganistão no final de 2010, Mauricio foi eleito pela revista americana Time como o melhor fotógrafo de agência internacional. Como se não bastasse, na ocasião a revista americana o comparou ao francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), um dos mais emblemáticos fotógrafos do século 20. “Sua abordagem e composição remetem ao ‘momento decisivo’ de Cartier-Bresson”, registrou a Time, em referência ao instante descrito por Cartier-Bresson no qual a cabeça, o olho e o coração estão alinhados.
20 de outubro – Eram 23h30 quando o corpo de Mustassim Kadafi, filho e chefe da segurança do ditador morto, é estendido sobre jornais e um cobertor na casa de uma família de Misrata. No dia seguinte, o corpo é levado para o entreposto comercial. Foto: Mauricio Lima
Poucos meses depois da premiação, Mauricio tornou-se fotojornalista independente, atuando como colaborador internacional do The New York Times. A apreensão do jornal em relação à segurança durante a batalha de Sirte devia-se aos riscos inerentes ao trabalho em zona de conflito armado e ao temor de ter profissionais a seu serviço capturados por um dos lados do conflito. Em abril de 2011, dois repórteres e dois fotógrafos da publicação já haviam sido sequestrados por integrantes das forças de Kadafi. Só foram libertados, ilesos, depois de muita pressão internacional. Nos dois primeiros dias da cobertura da batalha de Sirte, quando os rebeldes ainda avançavam pela estrada, Mauricio estava acompanhado pelo repórter Kareem Fahim e pelo segurança australiano Shane Bell. “Como estava demorando muito para que os rebeldes tomassem a cidade, o repórter voltou com o segurança para Trípoli”, diz Mauricio. “Ele tinha uma série de notícias para serem apuradas e escritas na capital.”
Usando sempre um colete à prova de balas e um capacete pretos, sem inscrição nenhuma para não virar alvo fácil, o fotógrafo brasileiro continuou à espera da queda de Sirte. Costumava circular em companhia de outros três profissionais, dois americanos e um espanhol. “Nessas horas, a gente forma um grupo, como se fosse uma família, e vai junto até o final”, explica. Com os rebeldes, Mauricio não teve nenhum tipo de problema. Na realidade, eles adoravam ser fotografados. Isso fica evidente na imagem do combatente que exibe as armas e o saco de munição confiscados de moradores leais a Kadafi logo nos primeiros momentos da captura de Sirte. Enquanto outros rebeldes continuam a vasculhar o bairro residencial, o combatente faz pose de vencedor, usando uniforme e mocassins do adversário derrotado.
21 de outubro – Ao entardecer da sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, um tanque que pertencera ao Exército de Kadafi, ocupado por adeptos do governo de transição, participa do desfile da vitória rebelde por rua da cidade de Misrata. Mauricio Lima
Para Mauricio, experiente na cobertura de territórios ocupados, mas sem a vivência em frentes de batalha, a captura de Sirte representou uma nova fase de trabalho. “O meu foco na Líbia eram as fotografias clássicas de guerra, inspiradas em Robert Capa”, disse, referindo-se ao fotógrafo húngaro nascido em 1913 e morto 41 anos depois, ao pisar em uma mina terrestre, na Guerra da Indochina. Um dos mais célebres fotógrafos de guerra do mundo, Capa registrou, entre outros conflitos, a Batalha da Normandia, no litoral francês, durante a Segunda Guerra Mundial. Interessado no registro de conflitos e de pessoas afetadas direta ou indiretamente por guerras, Mauricio se prepara agora para acompanhar as eleições na Líbia, previstas para junho. O curioso é que há apenas 14 anos, ele se encontrava dividido entre a culinária e a fotografia. Chegou até a fazer um estágio na confeitaria do restaurante Fasano, um dos mais sofisticados de São Paulo.
Pulitzer
O fotógrafo Mauricio Lima é o primeiro brasileiro a conquistar o mais importante prêmio do jornalismo mundial. Aqui, ele fala com exclusividade
Texto: Simonetta Persichetti. Fotos: Mauricio Lima para o The New York Times
(entrevista originalmente publicada na revista Brasileiros em maio de 2016)
No ano do seu centenário, o Prêmio Pulitzer tem, entre seus vencedores, o fotógrafo brasileiro Mauricio Lima, free-lancer para o The New York Times, pela cobertura da crise de refugiados na Europa. Esta é a primeira vez na história do prêmio que um brasileiro recebe a distinção. Mauricio Lima foi o vencedor na categoria Fotografia Breaking News, com o russo Sergey Ponomarev, o americano Tyler Hicks e o alemão Daniel Etter, pela série Exodus. Os quatro receberam também, pela mesma série, o The John Faber Award do Overseas Press Club of America.
O Pulitzer foi criado por obra e desejo do jornalista americano Joseph Pulitzer, que acreditava no jornalismo. No bom jornalismo. Antes de sua morte, em 1911, ele fez uma doação em dinheiro para a Universidade de Columbia, em Nova York, que foi usada para abrir o curso de Jornalismo, inaugurado no ano seguinte, e para o prêmio – o primeiro em 1917. A partir daí, a cada ano jornalistas e escritores são reconhecidos por seus trabalhos.
O lema de Pulitzer era: “Iluminar os lugares escuros e, com um profundo senso de responsabilidade, interpretar esses tempos difíceis”. É com esse espírito que anualmente a imprensa norte-americana premia trabalhos de excelência que fazem diferença no mundo.
Aos 40 anos, Mauricio Lima é um profissional humanista e independente. Formado em Comunicação Social pela PUC de São Paulo, começou fotografando esportes em 1999. Depois foi convidado para integrar a agência France Press, onde permaneceu até 2011, partindo, então, para a carreira solo, como free-lancer.
Nestes 17 anos, Lima foi construindo um trabalho sério, consistente e, acima de tudo, impregnado de ética e responsabilidade, respeitando o que vê e o que fotografa. Não é à toa que, neste ano, seu trabalho tenha obtido tanto reconhecimento: coube a ele também o prêmio do World Press Photo, na categoria General News, pela reportagem publicada, em agosto de 2015, no mesmo The New York Times, sobre um jovem combatente do Estado Islâmico de 16 anos.
O brasileiro está presente em lugares onde existem histórias para serem contadas. Ele narra biografias de vítimas da incompreensão, do ódio e das guerras. Imagens profundas, de um olhar crítico que quer compreender. Um legado imagético que procura ser poético dentro do caos. O que seus olhos viram as palavras não exprimem. Silencioso, ele não gosta de holofotes nem de protagonismos.
Mesmo assim, de Nova York, concedeu esta entrevista exclusiva para a Brasileiros. Desta vez, a voz não é a dos seus retratados, mas a dele. Mauricio Lima, que no Brasil é representado pela DOC Galeria, de São Paulo, nos convence de que um jornalismo feito com seriedade e profundidade ainda é possível e tem espaço para ser visto.
SERVIA Membros da família Majid acalentam suas crianças num campo de trigo em Horgos, perto da fronteira da Hungria – Foto: Maurício Lima
Brasileiros – O jornalista Andrei Netto, do jornal O Estado de S.Paulo, fez um perfil seu, em que o chama de “lobo solitário”. Eu também escrevi sobre seu trabalho, quando pontuei a eloquência do seu silêncio. Você já disse que espera ser invisível nas reportagens que faz. Quem é realmente Mauricio Lima? O que move você para o fotojornalismo?
Mauricio Lima – Sou movido incessantemente pela curiosidade do comportamento humano, suas nuances, ambiguidades, pelo poder de conscientização que a fotografia pode atingir e pelo desejo de contribuir para a transformação de uma realidade por meio de uma narrativa visual.
Como foi a transição de um jovem que começou fotografando esportes e, de repente, estava na guerra do Iraque e depois no Afeganistão?
Foi uma transição necessária, uma fase importante de amadurecimento como ser humano, de percepção de valores essenciais que devaneiam da racionalidade entre o pós-adolescência e o momento em que você adquire um diploma universitário. Um momento decisivo na vida. E, ao imergir em outra cultura, talvez suprimisse minha incapacidade de expressar sentimentos por meio da fotografia.
Uma das suas primeiras reportagens, creio eu, como fotógrafo de conflitos foi sobre o menino que teve o rosto machucado por estilhaços de bomba. Ele ficou cego. Essa apuração comoveu parte do mundo. Qual é o impacto dessa experiência em você como vetor de informação e de estar onde muitos não podem estar para narrar essas histórias?
Extremamente gratificante. Meu objetivo era claro quando o vi com seu pai em frente à Zona Verde de Bagdá com uma receita médica na mão para o tratamento de córnea: ajudar Ayad Karim. Diante das mentiras e do interesse geopolítico que motivaram a invasão do Iraque, era o mínimo que poderia realizar para minimizar aquela tragédia consumada.
Já vi você entrar e sair de lugares sem ser notado. Essa “invisibilidade” faz parte do seu dia a dia?
Sim. É algo que quero preservar. Quero ser tratado como uma pessoa comum, sem rótulos nem privilégios.
“Sou movido pela curiosidade e pelo desejo de contribuir para a transformação da realidade por meio de uma narrativa visual” – Mauricio Lima
Você é um fotógrafo que assume posições políticas e usa as redes sociais para isso. Por quê? O quanto isso o expõe e o quanto é necessário?
Porque é preciso resgatar a ideologia, crer e lutar por algo. E, inegavelmente, pelo fato de ser uma nova forma de comunicação. Essas plataformas são potentes, não podemos nos cegar a isso quando nos preocupamos com a realidade. Atingem as pessoas de forma imediata e, por isso, podem levar a uma reflexão. A liberdade de expressão deve ser uma conquista inviolável para nossa maturidade civil como sociedade.
Acredita que o trabalho do fotojornalista é dar voz aos que não podem falar?
Também. É um canal recíproco de comunicação, seja da voz do fotografado, seja do sentimento do fotógrafo, de como e o porquê aquilo foi fotografado e deva ser visto.
Neste ano, seu trabalho ganhou vários prêmios. Você é o primeiro brasileiro a ganhar o Pulitzer no 100º ano do prêmio. Essas premiações ajudam os “invisíveis” a se tornarem “visíveis”?
É impossível prever ou controlar a reação, o sentimento do outro, mas, se a fotografia causar um questionamento, ela já cumpriu um papel importante.
Soldados macedônios levantam uma barreira de arame farpado para impedir a entrada de refugiados no País – Foto: Mauricio Lima
Ao contrário de muitos, neste momento, você nunca se colocou como protagonista. Prefere se apresentar como “mensageiro” de notícias.
Sou fascinado por contar histórias. Além disso, me tocou bastante um pedido que ouvi de Gabriel García Márquez quando tive a oportunidade de jantar ao lado dele: “No te olvide de iluminar a las personas ignoradas por la sociedad jamás”.
Por que devemos continuar acreditando no fotojornalismo?
Porque devemos acreditar em nós mesmos, em um mundo melhor. Ser fotógrafo é estar insatisfeito com o presente e preocupado com o futuro. Não levamos esse modo de vida em busca de acumular riqueza, a não ser a da experiência e do que não deveríamos repetir com nosso semelhante. Quando nos deparamos com uma fotografia, esse momento deve ser de reflexão, causar questionamentos, talvez de possíveis conclusões, não de afirmações.
E agora? O que vem por aí?
A vida segue da mesma forma, sob os mesmos princípios. Não podemos perder a generosidade nem a simplicidade jamais, mesmo diante de um cruel mundo movido sistematicamente por consumo e de forma assustadora por individualismo.
Coletes salva-vidas e botes de borracha descartados por migrantes que conseguiram chegar à Grécia pelo mar – Foto: Mauricio Lima