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Manual do perfeito midiota - 55

Opinião - Nas Entrelinhas da Imprensa

Neste momento, a opção mais viável para o fim da crise é o caos, porque no campo da política não há protagonistas com estofo moral suficiente para assumir o papel do mediador
Paulo Motoryn
Publicado em: 22/12/2016 - 16:52Alterado em: 23/08/2017 - 16:24
Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
O ocupante do Palácio do Planalto oferece, como presente de Natal, o maior retrocesso em termos de direitos trabalhistas que algum governo ousou promover.

Nos canais dominantes da mídia, analistas de política, economia e assuntos gerais abusam do "veja bem..." para justificar o assalto.

Numa das emissoras de rádio do maior grupo de comunicação da América Latina, o especialista em generalidades tenta demonstrar como o sacrifício da maioria acabará por estimular a retomada da atividade econômica e a criação de empregos – "no longo prazo".

Seu profeta é o economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), mas ele omite a frase famosa de seu ídolo: "A longo prazo, estaremos todos mortos".

O presidente interino também aceitou a renegociação das dívidas dos Estados sem a exigência de contrapartidas, conforme aprovada pela Câmara dos Deputados – a presidente Dilma Rousseff se recusou a discutir essa proposta indecorosa.

Os jornais chamados de circulação nacional dissimulam, mas a operação de crédito suplementar no valor de R$ 3,4 bilhões, aprovada por ele, equivale ao delito de que foi acusada a presidente destituída.

A medida foi possível porque, em setembro, dois dias após oimpeachment, a Câmara dos Deputados tornou legais tais manobras.

O decoro foi excluído das tratativas políticas e os operadores do projeto de usurpação tratam de arrancar o máximo do preposto que assina os papéis, porque sabem que não há como evitar que ele também seja levado pela enxurrada de delações.

Por enquanto, a mídia hegemônica ainda consegue selecionar este ou aquele pacote de denúncias, poupando o quanto possível os corruptos ainda úteis.

Neste momento, a opção mais viável para o fim da crise é o caos, porque no campo da política não há protagonistas com estofo moral suficiente para assumir o papel do mediador.

Até o sempre disponível ex-tudo Nélson Jobim deu um jeito de colocar seu nome entre as especulações de colunistas de jornais, como alternativa para um mandato-tampão.

No terreno do caos, a polícia paulista pede licença para agir "com rigor", na expectativa de uma onda de protestos após a inauguração do ano novo.

Oficiais espalham, aqui e ali, que manifestantes têm usado "coquetéis molotov" com ácido sulfúrico, e exigem a aquisição de uniformes especiais para suas tropas de controle social.

O ocupante do Planalto não governa. Foi tomada pela febre de Macbeth, sua cabeça ferve porque acreditou nas três bruxas da mídia e achou que o destino lhe reservava o papel de estadista, de salvador da pátria.

Não tem porte para tanto.

Por ambição perdeu-se Macbeth.

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