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Parceiros musicais reincidentes desde que se encontraram em estúdio para registrar a trilha sonora do documentário O Fabuloso Fittipaldi em 1973, o trio Azymuth e o cantor, compositor e arranjador Marcos Valle apresentam-se nesta quinta-feira (5), em São Paulo, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Programado para começar às 20h, o show será antecedido por uma discotecagem do DJ Paulão, sócio da loja de vinis Patuá Discos e veterano em bailes que, sobretudo, privilegiam a difusão de suas pesquisas sobre a música popular brasileira produzida entre as décadas de 1950 e 1980 (conheça a história de Paulão e de outros DJs na reportagem )
Gratuita e especialmente selecionada para ocupar o icônico espaço legado à cidade pela arquiteta Lina Bo Bardi, a apresentação dá início à terceira edição do projeto Música no Vão, iniciativa do MASP, em parceria com a cervejaria Stela Artois. Com atrações mensais, em uma quinta-feira de cada mês, o evento promoverá shows até julho de 2018 e, nos dias programados, também permitirá a visitação gratuita ao museu no período das 18h às 22h.
Histórico trio brasileiro, de renome mundial e consagrado por suas fusões entre o jazz, a soul music, o funk e gêneros brasileiros como o samba, o baião e a bossa nova, o Azymuth foi formado no final dos anos 1960 por José Roberto Bertrami (teclados), Alex Malheiros (contrabaixo) e Ivan Conti, o Mamão (bateria - leia texto em do músico). Com cerca de 20 álbuns lançados no Brasil e no exterior, sem contar as inúmeras colaborações em gravações de outros artistas, o Azymuth segue na ativa, dentro e fora do País, mas reformulado, com Kiko Continentino substituindo Bertrami, que faleceu em julho de 2012, aos 66 anos.
Espécie de padrinho do trio, em entrevista à revista Brasileiros publicada em 2011, Marcos Valle abordou, entre outros temas, a gênese de sua parceria com o grupo. Leia, a seguir, esse trecho da conversa (confira também a entrevista na íntegra).
“...O Azymuth sempre teve muito a ver comigo. Sempre fui louco por Rhodes (clássico modelo de piano elétrico fabricado pela Fender) e o Bertrami também era. Conheci o trio em uma hora perfeita, porque eu estava tocando muito Rhodes e chamei o Bertrami para tocar Hammond e ARP (o clássico orgão e um dos primeiros modelos de sintetizador analógico) comigo no Previsão do Tempo (álbum lançado por Marcos em 1973, ). Havia muita afinidade entre a gente, tanto que logo depois o Azymuth passa a ser a minha banda. Viajamos muito juntos.
Você fez com eles outro álbum bastante cultuado, O Fabuloso Fittipaldi, a trilha do filme sobre o Emerson…
Essa trilha do Fittipaldi foi uma delícia de fazer. Foi daí que saiu o nome Azymuth. O filme foi dirigido pelo Roberto Farias e o Hector Babenco. e não me lembro qual dos dois, mas sei que um deles insistiu muito para que eu usasse minha música Azymuth, que foi trilha de uma novela chamada Véu de Noiva – era o tema do Claudio Marzo, que fazia um piloto na novela. Fizemos uma nova versão, porque a abertura do filme era mais extensa e a trilha saiu pela Phillips. O produtor do disco foi o Armando Pittilgliani, que convidou essa moçada – o Bertrami, o Alex Malheiros e o Mamão – para gravar comigo. Eles já tocavam como um trio, mas ainda não tinham um nome. Além de gravar o disco com eles, o Bertrami também trabalhou comigo em alguns arranjos. Ele tinha um bom conhecimento de orquestração e foi tudo perfeito. Como eu era da Odeon e o álbum sairia pela Philips, não pude colocar meu nome como artista, somente como compositor. Na hora de dar um nome, ficou a dúvida “a quem vamos atribuir isso?”. O Armando foi quem sugeriu “que tal a gente colocar Conjunto Azymuth?”. Fiz essa música em parceria com o Novelli, que naturalmente não se importou em ceder o nome, e acabei me tornando essa espécie de padrinho do Azymuth...”
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A propósito, veja abaixo registro de ensaio, de 2015, com Marcos Valle, Azymuth, Danilo Sinna (saxofone) e Diogo Gomes (trompete) interpretando o tema que dá nome ao trio .